As crianças são indivíduos que necessitam de cuidado, pois estão
em desenvolvimento, construindo suas experiências e suas vivências.
Assim, como o meio em que vivem influencia no seu desenvolvimento?
A primeira instituição social no qual a criança aprende a conviver
é a “Família”. Esta é responsável pelo bem estar físico e emocional da criança,
além de ser no seu seio que se desenvolvem as experiências e aprende a dar
significado às suas vivências.
Dentro da família, alguns cenários se fazem importantes, como a
qualidade da relação conjugal.
Conflitos entre o casal, são comuns, mas a maneira de resolvê-los
é que vai interferir na relação do casal e, consequentemente, na educação e
cuidado dos filhos.
Um casal muito envolvido em seus embates conjugais pode não ter
disponibilidade para as necessidades dos filhos, criando um ambiente familiar
pouco saudável.
Assim, é importante promover nos cônjuges, que também são pais, o
respeito, a influência mútua e recíproca e a importância do diálogo e empatia,
além de reforçarem e nutrirem o espírito de “equipe”.
A separação conjugal também pode interferir no cuidado para com os
filhos, devendo ser compreendido que o vínculo parental é para sempre e que a
tarefa educativa após o divórcio tem mais chances de dar certo quando os
envolvidos na situação conseguem manter as fronteiras nítidas entre os vínculos
conjugais e parentais.
Além destes fatores, a sociedade atual também interfere no cuidado
com os filhos.
Vive-se em uma sociedade do aqui e agora, com uma preocupação narcisista
do corpo, da beleza, dos bens de consumo, meios tecnológicos, não se pensando
no futuro, apenas no consumo imediato e novos papeis sociais são exigidos da mulher e do homem.
Este cenário causa um distanciamento entre pais e filhos. Também não
propicia o diálogo dentro de casa, a televisão domina o convívio familiar, as
refeições são feitas individualmente, de maneira rápida e, em alguns casos, a
comunicação entre os membros da família que convivem na mesma casa se dá apenas
por meios como internet e celular.
As crianças, neste contexto, ficam delegadas aos cuidados de
terceiros, avós, tios, fragilizando os vínculos afetivos entre pais e filhos,
gerando sentimentos de culpa nos pais pelo pouco contato que tem com seus
filhos.
Os pais não conseguem dar limites aos seus filhos, dizem
"sim" para tudo e estressam-se com birras e os punem, batem
e depois se arrependem, não oferecendo à criança um modelo seguro de papeis,
limites e regras.
A criança necessita de atenção, cuidado, carinho e TEMPO dos
adultos! Crianças amadas e educadas com a presença constante de seus pais tem
maior probabilidade de se tornarem adultos mais felizes e mais realizados no
futuro.
Então, como exercer autoridade com os filhos?
Através do
afeto! Com isso, os pais demonstram aos filhos o amor que sentem por eles,
aproximam-se carinhosamente e compreendem os sentimentos dos filhos,
proporcionando confiança em um relacionamento seguro.
Dar limites significa proibir, limitar ou restringir atitudes da
criança que não são adequadas socialmente e que podem colocá-la em risco.
Favorece também o desenvolvimento da noção de responsabilidade pelos próprios
atos e pelas suas consequências para si e para os outros.
A grande questão é COMO O LIMITE É IMPOSTO.
Quando o limite é dado através de castigos violentos ou
psicológicos pode acarretar em sintomas como ansiedade, depressão,
obsessividade, somatização e labilidade afetiva.
Pais acessíveis e receptivos sorriem, elogiam e encorajam seus
filhos. Exprimem afetuosidade, mesmo sendo críticos quando o filho se comporta
mal. Em geral, as crianças desejam agradar os pais carinhosos, portanto, estão
motivados a fazer o que se espera deles e a aprender o que os pais gostariam
que aprendesse.
Para compensar a ausência durante o dia, crie ambientes estimulantes
no lar, passe mais tempo a noite com as crianças e nos finais de semana,
pegando no colo, brincando. Deixe fotos e lembranças de momentos felizes;
escreva bilhetinhos surpresas e coloque na lancheira, computador. Converse com
seu filho!
Bibliografia Utilizada
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