segunda-feira, 1 de junho de 2015

Adole"SER": o nem criança e nem adulto da sociedade contemporânea

É fato, quando pensamos em adolescente logo nos vem à mente adjetivos como "rebelde", "difícil", ou então como um período de crises, desobediência e hoje, muito comumente, violência.
Mas será que sempre foi assim? Este "ser" chamado adolescente, que ainda não é adulto, mas que também não é mais criança, sempre existiu ou trata-se de uma construção social?
Pois bem, o termo "adolescente" surgiu em meados do século XVIII, sendo consolidado apenas no século seguinte. Nem mesmo o conceito de infância, tal como conhecemos existia, este "período" só foi reconhecido (ou conhecido) depois da Idade Média, por volta do século XVI, pois anteriormente a criança era considerada um adulto em miniatura.  (Para maiores informações sobre a infância, consulte http://www.psibrunalouisemacedo.blogspot.com.br/2013/08/ser-crianca-na-sociedade-contemporanea_10.html?m=1 )
No século XX, surge no imaginário de representações sociais a adolescência/juventude como um "problema social", caracterizado por crises, rebeldias, conflitos e descobertas.
Atualmente, o conceito que se propaga de adolescência é o de uma fase intermediária, de transição da vida infantil para a vida adulta e comportamentos de risco, violência, drogas, crises estão associados, ou seja, adolescência é "problema", a idade do "perigo".
E é baseado neste discurso que o jovem vai vivenciar este período,  este adolescer, o que o faz sentir-se perdido, pois se a criança pede auxílio aos pais e os adultos se apoiam em seus sistemas de crenças, sejam religiosas ou pessoais, em quem o adolescente se apoia?
Nesse contexto que o grupo de pares ganha força, pois as significações sociais servem de referência para a construção dessa identidade, transformando o social em individual.
Por vivermos movidos pelas representações sociais,  os adultos também agem de acordo com estas.
Posto isto, coloco uma indagação: por que estamos condenando tanto nossos jovens? "Porque eles estão, em sua maioria, sem limites, intolerantes, usando-se da violência", você vai me responder.  Sim! Mas te coloco uma outra questão: por que estão assim? Cadê os pais na educação, limites e afetos? Cadê os pais incentivando à cultura e educação? Para onde foi o respeito à escola e ao outro?
A instituição "família" vem perdendo sua força, e aqui não digo de famílias separadas, hetero, homo, mas sim, com educação, respeito, limites e amor. A Escola é desvalorizada. Nem mesmo a religião tem sua força.
Essas três grandes instituições perderam espaço, força e influência e com isso, onde os jovens vão buscar e ter referência? Onde ele puder encontrar.  O grande problema é onde será isso.
Nós, adultos, estamos deixando crianças e jovens cada vez mais vulneráveis e essa filosofia de terem "autonomia", de terem tudo que desejam, nada mais é do que uma fuga de nosso papel de pais, cuidadores e educadores, pois assim, temos "menos" trabalho...
Vivemos em uma cultura do consumo, prazer imediato,  alguns até a qualquer preço,  do ser o melhor, da exposição, da banalização do sexo e do corpo. E parece que assistimos a tudo isso imóveis, sem reação contrária, por medo, comodismo, indiferença ou por incapacidade de mudar. E assim, os adolescentes jogados e vivendo neste cenário, vão se constituindo.
Sendo assim, será que os adolescentes "são" rebeldes ou violentos ou estamos permitindo que assim se "tornem"?
Se você é pai/mãe, o que faz pelo seu filho? É presente? Dá limites? Dá amor? Afeto? Respeito? Exemplo? Incentivo?
Se você não tem filhos, não pense que está isento, pois também é cidadão e faz parte de uma comunidade e cultura, contribuindo na formação de padrões culturais e sociais, ou seja, o que tem feito por isso também?