Parte I
Quando pensamos em crianças e seu universo, automaticamente pensamos em brinquedos, brincadeiras e jogos, ou seja, criança e brincar são indissociáveis, ou pelo menos, gostaríamos que a vida de todas as crianças fosse permeada por tais atividades...
O brincar é mais sério do que se imagina e, pensando nisto, esta temática será dividida em dois textos. Neste primeiro teremos a história do brincar, pois, assim como nós e tudo o que conhecemos, este ato teve uma origem e, ao contrário do que acreditamos, não nasceu exclusivamente para e com as crianças!
Discutiremos também, nesta primeira parte, as ideologias transmitidas nos brinquedos.
Para o segundo texto, teremos como tópico principal a contribuição desta atividade para o desenvolvimento da criança.
Uma coisa é certa, a presença de brincadeiras sempre foi importante em cada sociedade e momento histórico cultural, assumindo diversas configurações e características em cada uma delas.
Nas sociedades antigas, como a Grécia, os brinquedos tinham relação com cerimônias religiosas e tanto adultos como crianças participavam de atividades envolvendo jogos e brincadeiras, visto que era uma maneira de promover laços de afetividade e união entre os membros da sociedade.
Na Idade Média, os brinquedos serviam como modelos de imitação do comportamento dos adultos para as crianças, exemplos disso são o cavalo de pau e a espada.
Com o surgimento do Cristianismo, os jogos passam a ser considerados delituosos e apenas no período do Renascimento voltaram a fazer parte do cotidiano da juventude.
Como brincadeiras, temos no século XVI jogos com bola e pipa e no século XIII, a invenção de fantoches e a popularização de jogos educativos, antes exclusivos aos nobres e príncipes.
Um fato curioso é não se ter uma data específica do surgimento das bonecas, pois seu uso remonta desde imagens de crianças e mulheres em rituais religiosos e de bruxaria, além de servirem de manequim às mulheres abastadas das sociedades antigas.
Quanto à fabricação dos brinquedos, esta ficava por conta dos artesãos. Na segunda metade do século XIX os brinquedos deixam de ser confeccionados por tais profissionais, pois ficam mais sofisticados e, com o advento do capitalismo, passam a ter fins lucrativos, deixando-se a finalidade do lúdico para o consumo.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os jogos militares ficaram em ascensão e com o seu fim, surgem atividades ligadas ao esporte, como autoramas, patins etc.
A sociedade atual, configurada pelo consumismo, tem como premissa a preocupação com a segurança e com as saúde, desta maneira, os brinquedos são fabricados em plástico. O mercado da publicidade investe nesta nova configuração, difundindo na criança o desejo de ter determinados brinquedos que sigam padrões específicos.
Crescem também espaços físicos para brincar, onde só se tem acesso mediante pagamento, denotando o caráter de poder e das classes sociais que o brinquedo e os jogos assumem no atual momento histórico cultural.
Assim, observamos que os jogos e os brinquedos difundem as ideologias dominantes na sociedade da época. O que podemos observar atualmente como modelos transmitidos nos brinquedos são:
- Sexistas: brinquedos com estereótipos conservadores e machistas;
- Racistas: brinquedos em que se predomina a etnia branca, com cabelos claros e lisos e olhos claros;
- Militaristas: brinquedos que visam a competição, violência machista e utilização de armas de brinquedos;
- Classistas: brinquedos onde as pessoas são representadas com empregos, prestígio social e que morem em centros urbanos.
Posto isto, como então o brincar influência no desenvolvimento social, afetivo e psicológico da criança de hoje? Isto fica para nosso próximo texto! Até lá!
Bibliografia utilizada
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