domingo, 18 de agosto de 2013

Brincadeira de Criança: um assunto sério!

Parte I



Quando pensamos em crianças e seu universo, automaticamente pensamos em brinquedos, brincadeiras e jogos, ou seja, criança e brincar são indissociáveis, ou pelo menos, gostaríamos que a vida de todas as crianças fosse permeada por tais atividades...

O brincar é mais sério do que se imagina e, pensando nisto, esta temática será dividida em dois textos. Neste primeiro teremos a história do brincar, pois, assim como nós e tudo o que conhecemos, este ato teve uma origem e, ao contrário do que acreditamos, não nasceu exclusivamente para e com as crianças!

Discutiremos também, nesta primeira parte, as ideologias transmitidas nos brinquedos.

Para o segundo texto, teremos como tópico principal a contribuição desta atividade para o desenvolvimento da criança.

Uma coisa é certa, a presença de brincadeiras sempre foi importante em cada sociedade e momento histórico cultural, assumindo diversas configurações e características em cada uma delas.

Nas sociedades antigas, como a Grécia, os brinquedos tinham relação com cerimônias religiosas e tanto adultos como crianças participavam de atividades envolvendo jogos e brincadeiras, visto que era uma maneira de promover laços de afetividade e união entre os membros da sociedade.




Na Idade Média, os brinquedos serviam como modelos de imitação do comportamento dos adultos para as crianças, exemplos disso são o cavalo de pau e a espada.

      



Com o surgimento do Cristianismo, os jogos passam a ser considerados delituosos e apenas no período do Renascimento voltaram a fazer parte do cotidiano da juventude.

Como brincadeiras, temos no século XVI jogos com bola e pipa e no século XIII, a invenção de fantoches e a popularização de jogos educativos, antes exclusivos aos nobres e príncipes.





Um fato curioso é não se ter uma data específica do surgimento das bonecas, pois seu uso remonta desde imagens de crianças e mulheres em rituais religiosos e de bruxaria, além de servirem de manequim às mulheres abastadas das sociedades antigas.


  
Quanto à fabricação dos brinquedos, esta ficava por conta dos artesãos. Na segunda metade do século XIX os brinquedos deixam de ser confeccionados por tais profissionais, pois ficam mais sofisticados e, com o advento do capitalismo, passam a ter fins lucrativos, deixando-se a finalidade do lúdico para o consumo.


Durante a Primeira Guerra Mundial, os jogos militares ficaram em ascensão e com o seu fim, surgem atividades ligadas ao esporte, como autoramas, patins etc.






A sociedade atual, configurada pelo consumismo, tem como premissa a preocupação com a segurança e com as saúde, desta maneira, os brinquedos são fabricados em plástico. O mercado da publicidade investe nesta nova configuração, difundindo na criança o desejo de ter determinados brinquedos que sigam padrões específicos.




Crescem também espaços físicos para brincar, onde só se tem acesso mediante pagamento, denotando o caráter de poder e das classes sociais que o brinquedo e os jogos assumem no atual momento histórico cultural.



Assim, observamos que os jogos e os brinquedos difundem as ideologias dominantes na sociedade da época. O que podemos observar atualmente como modelos transmitidos nos brinquedos são:

  • Sexistas: brinquedos com estereótipos conservadores e machistas;
  • Racistas: brinquedos em que se predomina a etnia branca, com cabelos claros e lisos e olhos claros;
  • Militaristas: brinquedos que visam a competição, violência machista e utilização de armas de brinquedos;
  • Classistas: brinquedos onde as pessoas são representadas com empregos, prestígio social e que morem em centros urbanos.
Posto isto, como então o brincar influência no desenvolvimento social, afetivo e psicológico da criança de hoje? Isto fica para nosso próximo texto! Até lá!


Bibliografia utilizada


ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2ª edição. Rio de Janeiro, 2006. 196 p.


KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O Brinquedo na Educação – considerações históricas. São Paulo: FDE, 1995. p. 39-45.

MEIRA, Ana Maria. Benjamim, os Brinquedos e a Infância Contemporânea. Psicol. Soc., Porto Alegre, v. 15, n. 2, dez, 2003.


SANTOMÉ, Jurjo Torres. A Socialização Infantil por meio do Jogo e do Brinquedo: discursos explícitos e ocultos sobre o jogo e a brincadeira nas instituições escolares. In CANER, Ana e MOREIRA, Flavio Barbosa. Ênfases e Omissões no Currículo. Campinas, SP: Papirus, 2001, p. 89 – 116.


SOUZA, Bruna Louise de Godoy Macedo de. A criança do século XXI: Uma análise do sentido subjetivo atribuído por crianças à própria infância. São Paulo: Universidade Paulista - UNIP, 2012. 213 p. 


VOLPATO, Gildo. Jogos e Brinquedos: reflexões a partir da teoria crítica. Educ. Soc. Campinas, vol. 23, n. 81, p. 217 – 226, dez. 2002.










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