No nosso diverso cenário contemporâneo, podemos observar um grande incentivo ao desenvolvimento de competências cognitivas, como, por exemplo, métodos pedagógicos inovadores, ensino bilíngue; competências tecnológicas; e habilidades motoras.
E tal incentivo ocorre cada vez mais cedo e temos crianças mais precoces, espertas, dominando todos os aparatos de última tecnologia.
Tal fato, quando ponderado, não é negativo, pois diz do contexto histórico cultura no qual vivemos e que nossas crianças estão inseridas.
Porém, venho observando uma dificuldade das crianças em reconhecer e lidar com seus sentimentos, como também não conseguem, de modo adequado, fazer o mesmo com os sentimentos de outrem, acarretando em dificuldades em salas de aula, isolamento social, bullying e conflitos familiares, por exemplo.
Para falar sobre isso, vamos partir do início. O que é saber reconhecer sentimentos? A esta capacidade, damos o nome de Inteligência Emocional, que significa sermos capazes de nos motivarmos e permanecermos firmes diante de dificuldades, na medida em que controlamos os nossos impulsos imediatos, de modo a permitir que consigamos pensar e avaliar a situação, ao invés de ficarmos aflitos e angustiados.
Daniel Goleman (1994), alega que a Inteligência Emocional é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso de uma pessoa.
Isto ocorre, pois quando a possuímos de modo adequado, tendemos a nos sentir satisfeitos e com maior controle de nossos hábitos mentais, acarretando, portanto, em uma maior produtividade. Já aqueles que não possuem tal controle emocional, tem uma maior probabilidade em concentrar suas energias em conflitos internos e não em seu objetivo real.
Com isso, o que pretendo dizer?
Estamos incentivando e estimulando as crianças em diversas áreas, mas estamos nos esquecendo de ensiná-las algo demasiado importante e que diz delas: os seus sentimentos!
E isto pode ser feito quando perguntamos ao nosso filho como ele está, como se sente, o que ele acha que pode fazer com o que está sentindo ou de que maneira pode resolver seu problema ou questão emocional. Na escola também, enquanto educadores, observar e falar sobre os conflitos que ocorrem em sala de aula, permitir que os alunos expressem seus sentimentos. Precisamos compreender os sentimentos deles, seja como pais, professores ou qualquer pessoa que seja de seu convívio...
Mas, agora, eu me faço (e te faço) uma indagação: Por que é tão difícil falarmos de sentimentos com as crianças?
Temos a correria do dia a dia que realmente atrapalha, jornadas extensas de trabalho, acúmulo de funções, que podem ser empecilhos para tal fato ocorrer. E com este cenário, fica mais "fácil" nos distanciarmos de nós mesmos e acabamos por "esquecer" de compreender o que nós mesmos estamos vivenciando enquanto sentimentos, emoções e isto interfere de maneira direta em todos os nossos tipos de relacionamentos, o que nos frustra e nos faz entrar em conflitos, porque não dizer, totalmente desnecessários...
Entretanto, nunca é tarde para mudarmos e começarmos a entender o que se passa em nosso íntimo e o que podemos fazer com o que sentimentos, assim como, aprendermos a perceber aquilo que o outro, que convive conosco, está sentindo.
E você, sabe o que sente? Sabe reconhecer-se? E se não, está disposto a se "re" conhecer?
Bibliografia Utilizada
BERGAMINI, Cecília Whltaker. Inteligência emocional. Rev. adm. empres., São Paulo , v. 36, n. 4, dez. 1996
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1994. 375 p.
Não é fácil esse processo de auto reconhecimento, demanda uma "coragem", vontade e, diria até força. Este nos solicita um investimento de tempo, e nós em grande parte evitamos, porque estaríamos conosco somente.
ResponderExcluirCom toda certeza, Adriana! E nada mais assustador do que enfrentar e conversar com seu próprio eu... É um processo em que temos de nos despir de tudo o que construímos até o momento, defesas, falácias, "certezas" para olhar para alguém que, pasmem, muitas vezes, não conhecemos... Mas, o investimento vale a pena! E quando ensinamos nossos pequenos a se conhecer, compreender o seu mundo e ter empatia pelo outro, auxiliamos no seu crescimento pessoal, que será repercutido em toda a sua vida e em suas esferas. Grande beijo!
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