sábado, 26 de julho de 2014

Família e Escola: parceria possível e necessária

Estamos no período de volta às aulas e aproveito para escrever sobre uma parceria fundamental para o desenvolvimento saudável da criança: família e escola.
 
 
 
Tanto escola como família são instituições educacionais e como tarefas educativas principais destas temos o processo de socialização primária.
 
De acordo com Vygotsky (1981 apud Andrada, 2003) o outro exerce um papel fundamental no desenvolvimento do indivíduo, visto que é através das interações sociais e das significações socialmente construídas que nos desenvolvemos.
 
No Brasil, essa relação foi fortalecida por volta da década de 1950, durante o movimento higienista. Porém, nesta primeira relação a ênfase era dada aos cuidados com higiene, alimentação e prevenção de doenças.
 
Após este período, desenvolveu-se a ideia de que a escola é responsável pela educação formal da criança, enquanto a família tem como função e responsabilidade a educação informal.
 
Esses papeis adotados denotavam a tentativa de relacionamento entre essas instituições, porém, havia desencontros quanto às suas responsabilidades educativas.
 
Atualmente, a crença predominante é a de que existe uma ausência da família no processo educacional e um fracasso do sistema educacional.
 
Tais cenários não se mostram satisfatórios, pois não existe um equilíbrio adequado entre essas duas instâncias que exercem grande influência no desenvolvimento social, cognitivo, emocional e psicológico das crianças e adolescentes.
 
Mas então, como pode-se resolver esta questão?
 
 
É importante ressaltar que família e escola apresentam modelos de educação muito semelhantes e que a identificação destas práticas se faz de suma importância.
 
Estas práticas podem ser coercitivas ou indutivas. Na primeira, há o uso de ações punitivas ou desagradáveis, com a finalidade de controlar o comportamento da criança ou do adolescente, porém, tal prática não favorece a reflexão sobre a mudança do comportamento nos indivíduos, bem como a consequência de seus atos, pois gera nestes medo, ansiedade e raiva. No modelo indutivo, dá-se importância às explicações lógicas sobre o resultado de seu comportamento, favorecendo a compreensão do mesmo, bem como o desenvolvimento da empatia.
 
Tanto escola como família são duas partes que favorecem o desenvolvimento, bem como o problema de comportamento manifesto, assim, a promoção desta díade mostra-se relevante. Quando escola e família identificam os modelos utilizados por uma e pela outra, a busca de pontos de convergência, erros, acertos e possibilidades, torna-se mais clara e objetiva.
 
Faz-se importante haver entre esses "lugares" "um espaço de acolhimento, de ajuda e de aprendizado mútuo, de estratégias positivas e eficazes no crescimento e na educação do jovem e da criança". (Silveira, 2011, p. 183)
 
Quando existe uma relação de confiança e credibilidade, a troca entre os membros que constituem essas duas instâncias são mais aceitas, auxiliando em um manejo mais adequado das situações emergentes.
 
É importante que tanto escola como família repensem sua maneira de se comunicar, visando como meta o estabelecimento da confiança e da parceria.
 
E para que haja essa relação, precisamos nos mobilizar para tal.
 
É preciso deixar de lado a culpabilização do outro e cada personagem desta história assumir seu papel, sua responsabilidade, seus erros e seus acertos, pois, assim, conquistaremos um espaço de cooperação e compreensão.
 
Todos fazemos parte de uma rede social que busca, cria caminhos e possibilidades para um desenvolvimento mais saudável e harmonioso.
 
E essa busca deve ser ainda mais cuidadosa, harmoniosa, consciente e clara, quando falamos de crianças e adolescentes, pois estes são seres em DESENVOLVIMENTO!
 
 
 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
 
ANDRADA, Edla Grisard Caldeira de. Família, escola e a dificuldade de aprendizagem: intervindo sistemicamente. Psicol. Esc. Educ. (Impr.),  Campinas ,  v. 7, n. 2, Dez.  2003.
 
GASPARIAN, Maria Cecília Castro. O psicopedagogo institucional na construção da solidariedade entre a escola a família e a comunidade. Constr. psicopedag.,  São Paulo ,  v. 20, n. 21,   2012  
 
SILVEIRA, Luiza Maria de Oliveira Braga. A relação família escola: uma parceria possível? In WAGNER, Adriana. Desafios Psicossociais da Família Contemporânea: pesquisas e reflexões. Porto Alegre: Artmed, 2011. p. 181 - 190.
 
SILVEIRA, Luiza Maria de Oliveira Braga; WAGNER, Adriana. A interação família-escola diante dos problemas de comportamento da criança: estudos de caso. Psicol. educ.,  São Paulo ,  n. 35, dez.  2012 .
 
 
 

 

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