quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Sobre caminhos, trens e viagens...

Hoje resolvi falar sobre trens e viagens. Calma, não tenho tino para ser guia turístico, bem como também não irei avaliar companhias férreas, hotéis ou cidades. Quero ir um pouco além disso...
Em muitos momentos, em diversas situações, em diversos horários, com diversas pessoas, eu me pego pensando, me questionando o que estou fazendo ali e o que cada pessoa também está.
Confesso que várias vezes fiquei decepcionada porque eu não consegui responder a isso naquele momento, mas não porque era "demais", mas porque faltava algo... Também já fiquei com raiva quando da resposta, pois percebi que estava ali por motivos banais, por pessoas que não faziam diferença na minha vida e eu muito menos nas delas... E já fiquei triste também, pois não era o local, motivo ou circunstâncias que eu desejava...
Olhando assim, parece que só momentos negativos vivi e é quando paro para pensar no que me faz feliz. Sabe aquela música de propaganda que usa essa frase "o que faz você feliz? O que você faz para ser feliz?"? Pois é...
A vida nos prega peças e nos oferece, na verdade impõe situações em que temos que lidar, olhar, refletir sobre o que é a vida, mas, mais ainda sobre o que é a "nossa vida". E foi aí que pensei e percebi o que me faz feliz...
Estou feliz quando minha filha demonstra de qualquer jeito, qualquer forma o amor que tem pela vida e por mim, mesmo quando está muito calor e eu e ela estamos suadas e eu irritada por isso...
Estou feliz quando a minha filha está feliz, seja tomando um sorvete, assistindo ao seu filme favorito ou mesmo quando está feliz fazendo algo que eu não esteja envolvida e ela longe... É, ser mãe me ensinou algumas coisas...
Estou feliz quando posso falar o que sinto, não porque a outra pessoa ouviu, mas porque eu consegui falar (isso sempre foi muito ousado para mim)...
Estou feliz quando estou com a minha família, mesmo quando não estamos fazendo nada, mas percebo no semblante de cada um a tranquilidade de estar com os seus...
Estou feliz quando ouço dos meus pacientes que a nossa parceria tem permitido que eles vivam a sua vida de modo mais leve...
Estou feliz quando tomo um simples café com minhas amigas e jogamos papo fora ou temos papo sério ou não falamos nada, mas não temos cobrança,  é leve e recíproco...
Estou feliz quando toca uma música que eu gosto muito e posso cantar (mesmo errado) e dançar (isso eu sei que faço bem, tá?!), sem censura e vergonha...
E essas coisas me passaram pela cabeça e percebi que não precisei de nenhum artifício para isso. E não quero pregar o discurso de que "dinheiro não traz felicidade" ou qualquer outra coisa  até porque, precisamos de dinheiro para viver (ou sobreviver) e eu gosto de ir à academia, gosto de celular, enfim...
Mas pensei nisso porque vejo muitas pessoas que buscam a felicidade como se houvesse um caminho, receita que levasse à ela, como se fosse algo ainda distante, a ser alcançado e que acabam não aproveitando os momentos que tem naquele instante, no seu "hoje"... Penso nisso, porque não sei o que vem "amanhã" e mais do que isso, se EU irei existir nesse amanhã.
Claro que eu também tenho metas, sonhos, projetos, mas estou em um processo de aprendizagem para aproveitar o meu "hoje". Continuarei trilhando meu caminho para esse "amanhã" chegar, porém,  aproveitando cada paisagem, brisa ou tempestade que eu viver pelo caminho, porque, se esse "amanhã" não chegar,  eu não poderei dizer que fui infeliz, mas que vivi pequenos ou grandes,  intensos ou sutis momentos de felicidade.
E daí me vem outra questão que permeia minha vida e pensamentos: a tal da companhia...
Vejo pessoas em relacionamentos vazios, por obrigação ou comodismo, infelizes e sem fazer nada para mudar, melhorar a relação. Assim como vejo pessoas desesperadas por companhia, com medo da solidão e que aceitam e se sujeitam a tudo para estar com alguém...
Então, eu penso o quanto vale a companhia que ESCOLHEMOS para desfrutar conosco do caminho e da paisagem.
Eu tenho minha família, minha filha que amo mais que todas as coisas e poucos amigos (realmente poucos, mas que amo verdadeiramente).
Porém, me falta também um amor e para esta "falta" existir, também percorri algum caminho nisso e, claro, me questiono de alguns rumos, atalhos e rotas que tomei, se estes eram os mais certos ou não, se tudo seria diferente se tivesse seguido. Mas estas são perguntas que nunca serão respondidas e não porque são caminhos que não poderei tomar mais, mas porque não sou mais a mesma de quando tomei essa ou aquela decisão... E isso é outra coisa que, às vezes, não nos damos conta, de como o caminho e a paisagem nos mudam...
Se eu errei antes, há sempre tempo de corrigir, seja para um caminho ou para outro. Sempre é tempo de aprender e isso eu tenho aprendido. Nada é eterno e nenhuma verdade é imutável, até porque,  será que existe "uma" verdade? Acho que não...
O que levo disso é que esse "assento reservado" em minha viagem da vida não está disponível para alguém de passagem, alguém que deseja descer na próxima ou daqui duas estações, mas para alguém que deseja desfrutar das paisagens claras e escuras, me dar a mão quando eu sentir medo do barulho lá fora, rir das besteiras na bagagem, conversar sério quando o trem correr o risco de sair do trilho, me oferecer colo quando eu estiver cansada ou desistindo de conduzi-lo e que aproveite a simplicidade e totalidade de cada momento...
Esse trem da minha vida já saiu há quase vinte e oito anos e continua seguindo viagem. Até quando, eu não sei... O destino, eu imagino, mas não tenho um mapa que me mostre com toda a certeza o caminho certo e nem mesmo se chegarei, mas estou fazendo a minha parte.
O que sei é que desta viagem estou buscando aproveitar cada segundo e assim eu pretendo seguir. Fácil não é, mas estou aprendendo e que eu consiga fazê-lo enquanto eu ainda respirar...

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