quarta-feira, 26 de agosto de 2015

27 de Agosto: Dia do Psicólogo.

Hoje, dia 27 de agosto de 2015 comemoramos 53 anos de Psicologia no Brasil. Uma profissão ainda nova no país e que a cada dia busca validar sua importância frente às questões emocionais, sociais e culturais.  

Vou falar um pouco da minha experiência e do meu olhar sobre esta ciência que tanto me fascina.

Desde que me entendo por gente, gosto de compreender o porquê das coisas e como chegávamos a determinada situação. Lembro de ficar fascinada nas minhas aulas de História, Filosofia, Literatura. Das discussões acaloradas e sempre produtivas nas aulas, sobre tudo, comportamento humano, religião, paradigmas culturais... E a cada aula, leitura, pesquisa, eu ia aprimorando, refinando essa minha curiosidade, aumentando as minhas perguntas, alimentando minhas questões.  

Aí se deu o momento da escolha profissional... Pensei: "Vou fazer História! Afinal, adoro entender as coisas.". Mas, ao verificar a grade, percebi que não era exatamente esse o caminho... Filosofia?! Muito teórico... Eu queria mais que isso... E foi depois de muita pesquisa e de uma palestra onde o palestrante disse que estava feliz, pois pela posição dos pés de todos, ele percebeu que estavam todos satisfeitos com a mesma, que cheguei à Psicologia.  

"PSICOLOGIA" = Estudo da Alma... Alma espiritual? Não! Alma humana: suas ideias, crenças, cultura, comportamento, ações, pensamentos, personalidade... E essa "alma" que eu buscava compreender. E me enveredei por este caminho e nele me formei profissional. Se descobri a "alma" humana? Se a decifrei? Não! Descobri que não há "alma" humana, mas "almas" humanas! PsicologiaS!

Somos seres históricos, culturais, filogenéticos, genéticos, biológicos, transformados e transformadores, únicos em meio a vários, e plurais em um único ser!   E essa multiplicidade que continua a me encantar e me faz apaixonar a cada dia por esta ciência tão bela e tão complexa. É o saber que, apesar da História, apesar da Cultura, apesar do Diagnóstico, cada SER é ÚNICO!

Agradeço aos meus professores por todos os ensinamentos... Agradeço aos meus colegas de profissão, atuais e futuros! Que juntos possamos fazer uma PSICOLOGIA PARA TODOS!  

Agradeço aos meus pais, irmãos e minha filha por todo carinho e apoio... As pessoas que me são queridas, por acreditarem em mim...  

Agradeço a todas as pessoas, famílias que confiaram sua vida, suas dificuldades, seus medos, seu segredos a mim e ao meu trabalho... Juntos construímos a cada dia novas possibilidades, crescimento, descobertas sobre a vida...  

Sou feliz em ser Psicóloga, sou uma pessoa realizada por fazer parte desta profissão!  

Mas sabe o que me deixa ainda mais feliz? É saber que até meu último suspiro ainda tenho muito a aprender sobre a "alma" humana...

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Adole"SER": o nem criança e nem adulto da sociedade contemporânea

É fato, quando pensamos em adolescente logo nos vem à mente adjetivos como "rebelde", "difícil", ou então como um período de crises, desobediência e hoje, muito comumente, violência.
Mas será que sempre foi assim? Este "ser" chamado adolescente, que ainda não é adulto, mas que também não é mais criança, sempre existiu ou trata-se de uma construção social?
Pois bem, o termo "adolescente" surgiu em meados do século XVIII, sendo consolidado apenas no século seguinte. Nem mesmo o conceito de infância, tal como conhecemos existia, este "período" só foi reconhecido (ou conhecido) depois da Idade Média, por volta do século XVI, pois anteriormente a criança era considerada um adulto em miniatura.  (Para maiores informações sobre a infância, consulte http://www.psibrunalouisemacedo.blogspot.com.br/2013/08/ser-crianca-na-sociedade-contemporanea_10.html?m=1 )
No século XX, surge no imaginário de representações sociais a adolescência/juventude como um "problema social", caracterizado por crises, rebeldias, conflitos e descobertas.
Atualmente, o conceito que se propaga de adolescência é o de uma fase intermediária, de transição da vida infantil para a vida adulta e comportamentos de risco, violência, drogas, crises estão associados, ou seja, adolescência é "problema", a idade do "perigo".
E é baseado neste discurso que o jovem vai vivenciar este período,  este adolescer, o que o faz sentir-se perdido, pois se a criança pede auxílio aos pais e os adultos se apoiam em seus sistemas de crenças, sejam religiosas ou pessoais, em quem o adolescente se apoia?
Nesse contexto que o grupo de pares ganha força, pois as significações sociais servem de referência para a construção dessa identidade, transformando o social em individual.
Por vivermos movidos pelas representações sociais,  os adultos também agem de acordo com estas.
Posto isto, coloco uma indagação: por que estamos condenando tanto nossos jovens? "Porque eles estão, em sua maioria, sem limites, intolerantes, usando-se da violência", você vai me responder.  Sim! Mas te coloco uma outra questão: por que estão assim? Cadê os pais na educação, limites e afetos? Cadê os pais incentivando à cultura e educação? Para onde foi o respeito à escola e ao outro?
A instituição "família" vem perdendo sua força, e aqui não digo de famílias separadas, hetero, homo, mas sim, com educação, respeito, limites e amor. A Escola é desvalorizada. Nem mesmo a religião tem sua força.
Essas três grandes instituições perderam espaço, força e influência e com isso, onde os jovens vão buscar e ter referência? Onde ele puder encontrar.  O grande problema é onde será isso.
Nós, adultos, estamos deixando crianças e jovens cada vez mais vulneráveis e essa filosofia de terem "autonomia", de terem tudo que desejam, nada mais é do que uma fuga de nosso papel de pais, cuidadores e educadores, pois assim, temos "menos" trabalho...
Vivemos em uma cultura do consumo, prazer imediato,  alguns até a qualquer preço,  do ser o melhor, da exposição, da banalização do sexo e do corpo. E parece que assistimos a tudo isso imóveis, sem reação contrária, por medo, comodismo, indiferença ou por incapacidade de mudar. E assim, os adolescentes jogados e vivendo neste cenário, vão se constituindo.
Sendo assim, será que os adolescentes "são" rebeldes ou violentos ou estamos permitindo que assim se "tornem"?
Se você é pai/mãe, o que faz pelo seu filho? É presente? Dá limites? Dá amor? Afeto? Respeito? Exemplo? Incentivo?
Se você não tem filhos, não pense que está isento, pois também é cidadão e faz parte de uma comunidade e cultura, contribuindo na formação de padrões culturais e sociais, ou seja, o que tem feito por isso também?

terça-feira, 31 de março de 2015

Os "nós" em "nós"

Vivemos em uma era de muitos amigos, muitas curtidas, seguidores,  cutucadas, likes, ♥, matchs... Enfim, uma infinidade de ferramentas para "aproximar" pessoas, ampliar seu mundo, círculo de amizade, conhecimentos etc...
Sendo assim, estaríamos vivendo, então, a era das grandes amizades, de grandes proximidades, do sentir-se pertencente, amado, querido, certo?
Utilizando-me de uma expressão vastamente utilizada em redes sociais, observo o contrário... "Sqn"!
Observo, vejo, ouço pessoas cada vez mais sozinhas, não digo em companhia, curtidas, seguidores, mas, talvez, na solidão mais doída, a de não se sentir pertencente... A solidão de "estar" ali, mas não "ser" dali... O ter tudo e não sentir este tudo...
Mas, por que isso?
Penso ser este fenômeno atual digno de ser estudado, pesquisado e isto vem ocorrendo... Não tenho a pretensão, aqui, agora, de oferecer uma resposta pronta para tal... Mas, por que não pensarmos nas razões que podem nos levar a isso?
Não sei... Divagando aqui, tenho a impressão de que vivemos em um momento um tanto quanto paradoxal... Prega-se o direito de pensar, de ser livre, do não controle intelectual, sexual, religioso, político... Porém, na realidade essa "independência" não passa de uma "massificação" de seres "únicos". Somos atiçados a pensar única e exclusivamente como todo mundo.
Com isso, nos vemos na obrigação ou compelidos à pensar livre, mas "livre" igual a aquele que tem opinião; nos vemos no desejo se sermos lindos, mas não o nosso lindo, e sim o lindo como o outro é; inteligente como o outro é;  desejado como o outro é;  querido como o outro é;  formador de opinião como o outro é...
É aquela coisa do ideal. Desejamos não o nosso "eu", mas o "eu" do outro, que eu acredito que seja bom, melhor, ideal. O que ocorre e o que não nos damos conta, que esse "outro" que eu desejo pode também não estar feliz consigo e desejar ser um "outro" também.
E assim, te pergunto, quem somos na verdade? O que tanto temos buscado? Por que há esse sentimento tão "compartilhado" de solidão?
Sem querer ser piegas, mas já sendo um pouco, já parou para se olhar e reparar, perceber o quanto é admirável, bonito, engraçado, inteligente ao seu modo? O quanto suas ideias, pensamentos, opiniões,  mesmo que para uma única pessoa, já foram significativos e importantes? Que seu sorriso, seu abraço, seu afeto já fez diferença no dia de alguém? Que mesmo alto, baixo, gordo, magro, branco ou negro, sempre tem aquele um ou uma que te acha lindo como é?
Não sei... Penso que temos tanto medo de nós mesmos que fugimos de "nós " e entramos em "nós " cada vez mais emaranhados e difíceis de sair.
Uns ainda tentam sair e conseguem. Outros tentam e desistem. E tem aqueles que nem tentam, permanecem ali, emaranhados e perdidos...
Então, nessa era de solicitações de amizades, segue de volta, bloqueios, mensagens inbox, directs, aceite a você mesmo, não se bloqueie e diga ao seu mundo o quanto você é especial à sua maneira. E viva, curta, compartilhe com você mesmo a "dor e a delícia" de ser você!!!! E assim, sendo um, quem sabe, podemos ser nós...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Sobre caminhos, trens e viagens...

Hoje resolvi falar sobre trens e viagens. Calma, não tenho tino para ser guia turístico, bem como também não irei avaliar companhias férreas, hotéis ou cidades. Quero ir um pouco além disso...
Em muitos momentos, em diversas situações, em diversos horários, com diversas pessoas, eu me pego pensando, me questionando o que estou fazendo ali e o que cada pessoa também está.
Confesso que várias vezes fiquei decepcionada porque eu não consegui responder a isso naquele momento, mas não porque era "demais", mas porque faltava algo... Também já fiquei com raiva quando da resposta, pois percebi que estava ali por motivos banais, por pessoas que não faziam diferença na minha vida e eu muito menos nas delas... E já fiquei triste também, pois não era o local, motivo ou circunstâncias que eu desejava...
Olhando assim, parece que só momentos negativos vivi e é quando paro para pensar no que me faz feliz. Sabe aquela música de propaganda que usa essa frase "o que faz você feliz? O que você faz para ser feliz?"? Pois é...
A vida nos prega peças e nos oferece, na verdade impõe situações em que temos que lidar, olhar, refletir sobre o que é a vida, mas, mais ainda sobre o que é a "nossa vida". E foi aí que pensei e percebi o que me faz feliz...
Estou feliz quando minha filha demonstra de qualquer jeito, qualquer forma o amor que tem pela vida e por mim, mesmo quando está muito calor e eu e ela estamos suadas e eu irritada por isso...
Estou feliz quando a minha filha está feliz, seja tomando um sorvete, assistindo ao seu filme favorito ou mesmo quando está feliz fazendo algo que eu não esteja envolvida e ela longe... É, ser mãe me ensinou algumas coisas...
Estou feliz quando posso falar o que sinto, não porque a outra pessoa ouviu, mas porque eu consegui falar (isso sempre foi muito ousado para mim)...
Estou feliz quando estou com a minha família, mesmo quando não estamos fazendo nada, mas percebo no semblante de cada um a tranquilidade de estar com os seus...
Estou feliz quando ouço dos meus pacientes que a nossa parceria tem permitido que eles vivam a sua vida de modo mais leve...
Estou feliz quando tomo um simples café com minhas amigas e jogamos papo fora ou temos papo sério ou não falamos nada, mas não temos cobrança,  é leve e recíproco...
Estou feliz quando toca uma música que eu gosto muito e posso cantar (mesmo errado) e dançar (isso eu sei que faço bem, tá?!), sem censura e vergonha...
E essas coisas me passaram pela cabeça e percebi que não precisei de nenhum artifício para isso. E não quero pregar o discurso de que "dinheiro não traz felicidade" ou qualquer outra coisa  até porque, precisamos de dinheiro para viver (ou sobreviver) e eu gosto de ir à academia, gosto de celular, enfim...
Mas pensei nisso porque vejo muitas pessoas que buscam a felicidade como se houvesse um caminho, receita que levasse à ela, como se fosse algo ainda distante, a ser alcançado e que acabam não aproveitando os momentos que tem naquele instante, no seu "hoje"... Penso nisso, porque não sei o que vem "amanhã" e mais do que isso, se EU irei existir nesse amanhã.
Claro que eu também tenho metas, sonhos, projetos, mas estou em um processo de aprendizagem para aproveitar o meu "hoje". Continuarei trilhando meu caminho para esse "amanhã" chegar, porém,  aproveitando cada paisagem, brisa ou tempestade que eu viver pelo caminho, porque, se esse "amanhã" não chegar,  eu não poderei dizer que fui infeliz, mas que vivi pequenos ou grandes,  intensos ou sutis momentos de felicidade.
E daí me vem outra questão que permeia minha vida e pensamentos: a tal da companhia...
Vejo pessoas em relacionamentos vazios, por obrigação ou comodismo, infelizes e sem fazer nada para mudar, melhorar a relação. Assim como vejo pessoas desesperadas por companhia, com medo da solidão e que aceitam e se sujeitam a tudo para estar com alguém...
Então, eu penso o quanto vale a companhia que ESCOLHEMOS para desfrutar conosco do caminho e da paisagem.
Eu tenho minha família, minha filha que amo mais que todas as coisas e poucos amigos (realmente poucos, mas que amo verdadeiramente).
Porém, me falta também um amor e para esta "falta" existir, também percorri algum caminho nisso e, claro, me questiono de alguns rumos, atalhos e rotas que tomei, se estes eram os mais certos ou não, se tudo seria diferente se tivesse seguido. Mas estas são perguntas que nunca serão respondidas e não porque são caminhos que não poderei tomar mais, mas porque não sou mais a mesma de quando tomei essa ou aquela decisão... E isso é outra coisa que, às vezes, não nos damos conta, de como o caminho e a paisagem nos mudam...
Se eu errei antes, há sempre tempo de corrigir, seja para um caminho ou para outro. Sempre é tempo de aprender e isso eu tenho aprendido. Nada é eterno e nenhuma verdade é imutável, até porque,  será que existe "uma" verdade? Acho que não...
O que levo disso é que esse "assento reservado" em minha viagem da vida não está disponível para alguém de passagem, alguém que deseja descer na próxima ou daqui duas estações, mas para alguém que deseja desfrutar das paisagens claras e escuras, me dar a mão quando eu sentir medo do barulho lá fora, rir das besteiras na bagagem, conversar sério quando o trem correr o risco de sair do trilho, me oferecer colo quando eu estiver cansada ou desistindo de conduzi-lo e que aproveite a simplicidade e totalidade de cada momento...
Esse trem da minha vida já saiu há quase vinte e oito anos e continua seguindo viagem. Até quando, eu não sei... O destino, eu imagino, mas não tenho um mapa que me mostre com toda a certeza o caminho certo e nem mesmo se chegarei, mas estou fazendo a minha parte.
O que sei é que desta viagem estou buscando aproveitar cada segundo e assim eu pretendo seguir. Fácil não é, mas estou aprendendo e que eu consiga fazê-lo enquanto eu ainda respirar...

sábado, 26 de julho de 2014

Família e Escola: parceria possível e necessária

Estamos no período de volta às aulas e aproveito para escrever sobre uma parceria fundamental para o desenvolvimento saudável da criança: família e escola.
 
 
 
Tanto escola como família são instituições educacionais e como tarefas educativas principais destas temos o processo de socialização primária.
 
De acordo com Vygotsky (1981 apud Andrada, 2003) o outro exerce um papel fundamental no desenvolvimento do indivíduo, visto que é através das interações sociais e das significações socialmente construídas que nos desenvolvemos.
 
No Brasil, essa relação foi fortalecida por volta da década de 1950, durante o movimento higienista. Porém, nesta primeira relação a ênfase era dada aos cuidados com higiene, alimentação e prevenção de doenças.
 
Após este período, desenvolveu-se a ideia de que a escola é responsável pela educação formal da criança, enquanto a família tem como função e responsabilidade a educação informal.
 
Esses papeis adotados denotavam a tentativa de relacionamento entre essas instituições, porém, havia desencontros quanto às suas responsabilidades educativas.
 
Atualmente, a crença predominante é a de que existe uma ausência da família no processo educacional e um fracasso do sistema educacional.
 
Tais cenários não se mostram satisfatórios, pois não existe um equilíbrio adequado entre essas duas instâncias que exercem grande influência no desenvolvimento social, cognitivo, emocional e psicológico das crianças e adolescentes.
 
Mas então, como pode-se resolver esta questão?
 
 
É importante ressaltar que família e escola apresentam modelos de educação muito semelhantes e que a identificação destas práticas se faz de suma importância.
 
Estas práticas podem ser coercitivas ou indutivas. Na primeira, há o uso de ações punitivas ou desagradáveis, com a finalidade de controlar o comportamento da criança ou do adolescente, porém, tal prática não favorece a reflexão sobre a mudança do comportamento nos indivíduos, bem como a consequência de seus atos, pois gera nestes medo, ansiedade e raiva. No modelo indutivo, dá-se importância às explicações lógicas sobre o resultado de seu comportamento, favorecendo a compreensão do mesmo, bem como o desenvolvimento da empatia.
 
Tanto escola como família são duas partes que favorecem o desenvolvimento, bem como o problema de comportamento manifesto, assim, a promoção desta díade mostra-se relevante. Quando escola e família identificam os modelos utilizados por uma e pela outra, a busca de pontos de convergência, erros, acertos e possibilidades, torna-se mais clara e objetiva.
 
Faz-se importante haver entre esses "lugares" "um espaço de acolhimento, de ajuda e de aprendizado mútuo, de estratégias positivas e eficazes no crescimento e na educação do jovem e da criança". (Silveira, 2011, p. 183)
 
Quando existe uma relação de confiança e credibilidade, a troca entre os membros que constituem essas duas instâncias são mais aceitas, auxiliando em um manejo mais adequado das situações emergentes.
 
É importante que tanto escola como família repensem sua maneira de se comunicar, visando como meta o estabelecimento da confiança e da parceria.
 
E para que haja essa relação, precisamos nos mobilizar para tal.
 
É preciso deixar de lado a culpabilização do outro e cada personagem desta história assumir seu papel, sua responsabilidade, seus erros e seus acertos, pois, assim, conquistaremos um espaço de cooperação e compreensão.
 
Todos fazemos parte de uma rede social que busca, cria caminhos e possibilidades para um desenvolvimento mais saudável e harmonioso.
 
E essa busca deve ser ainda mais cuidadosa, harmoniosa, consciente e clara, quando falamos de crianças e adolescentes, pois estes são seres em DESENVOLVIMENTO!
 
 
 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
 
ANDRADA, Edla Grisard Caldeira de. Família, escola e a dificuldade de aprendizagem: intervindo sistemicamente. Psicol. Esc. Educ. (Impr.),  Campinas ,  v. 7, n. 2, Dez.  2003.
 
GASPARIAN, Maria Cecília Castro. O psicopedagogo institucional na construção da solidariedade entre a escola a família e a comunidade. Constr. psicopedag.,  São Paulo ,  v. 20, n. 21,   2012  
 
SILVEIRA, Luiza Maria de Oliveira Braga. A relação família escola: uma parceria possível? In WAGNER, Adriana. Desafios Psicossociais da Família Contemporânea: pesquisas e reflexões. Porto Alegre: Artmed, 2011. p. 181 - 190.
 
SILVEIRA, Luiza Maria de Oliveira Braga; WAGNER, Adriana. A interação família-escola diante dos problemas de comportamento da criança: estudos de caso. Psicol. educ.,  São Paulo ,  n. 35, dez.  2012 .
 
 
 

 

sábado, 18 de janeiro de 2014

O que estou sentindo? - A difícil (mas não impossível) tarefa de reconhecer os nossos sentimentos e agir perante eles

 
 
No nosso diverso cenário contemporâneo, podemos observar um grande incentivo ao desenvolvimento de competências cognitivas, como, por exemplo, métodos pedagógicos inovadores, ensino bilíngue; competências tecnológicas; e habilidades motoras.
 
E tal incentivo ocorre cada vez mais cedo e temos crianças mais precoces, espertas, dominando todos os aparatos de última tecnologia.


 
 
 
Tal fato, quando ponderado, não é negativo, pois diz do contexto histórico cultura no qual vivemos e que nossas crianças estão inseridas.
 
Porém, venho observando uma dificuldade das crianças em reconhecer e lidar com seus sentimentos, como também não conseguem, de modo adequado, fazer o mesmo com os sentimentos de outrem, acarretando em dificuldades em salas de aula, isolamento social, bullying e conflitos familiares, por exemplo.
 
 
 
Para falar sobre isso, vamos partir do início. O que é saber reconhecer sentimentos? A esta capacidade, damos o nome de Inteligência Emocional, que significa sermos capazes de nos motivarmos e permanecermos firmes diante de dificuldades, na medida em que controlamos os nossos impulsos imediatos, de modo a permitir que consigamos pensar e avaliar a situação, ao invés de ficarmos aflitos e angustiados.
 
Daniel Goleman (1994), alega que a Inteligência Emocional é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso de uma pessoa.
 
Isto ocorre, pois quando a possuímos de modo adequado, tendemos a nos sentir satisfeitos e com maior controle de nossos hábitos mentais, acarretando, portanto, em uma maior produtividade. Já aqueles que não possuem tal controle emocional, tem uma maior probabilidade em concentrar suas energias em conflitos internos e não em seu objetivo real.
 
Com isso, o que pretendo dizer?
 
Estamos incentivando e estimulando as crianças em diversas áreas, mas estamos nos esquecendo de ensiná-las algo demasiado importante e que diz delas: os seus sentimentos!
 
E isto pode ser feito quando perguntamos ao nosso filho como ele está, como se sente, o que ele acha que pode fazer com o que está sentindo ou de que maneira pode resolver seu problema ou questão emocional. Na escola também, enquanto educadores, observar e falar sobre os conflitos que ocorrem em sala de aula, permitir que os alunos expressem seus sentimentos. Precisamos compreender os sentimentos deles, seja como pais, professores ou qualquer pessoa que seja de seu convívio...
 
 
 
Mas, agora, eu me faço (e te faço) uma indagação: Por que é tão difícil falarmos de sentimentos com as crianças?
 
Temos a correria do dia a dia que realmente atrapalha, jornadas extensas de trabalho, acúmulo de funções, que podem ser empecilhos para tal fato ocorrer. E com este cenário, fica mais "fácil" nos distanciarmos de nós mesmos e acabamos por "esquecer" de compreender o que nós mesmos estamos vivenciando enquanto sentimentos, emoções e isto interfere de maneira direta em todos os nossos tipos de relacionamentos, o que nos frustra e nos faz entrar em conflitos, porque não dizer, totalmente desnecessários...
 
 
Entretanto, nunca é tarde para mudarmos e começarmos a entender o que se passa em nosso íntimo e o que podemos fazer com o que sentimentos, assim como, aprendermos a perceber aquilo que o outro, que convive conosco, está sentindo.
 
E você, sabe o que sente? Sabe reconhecer-se? E se não, está disposto a se "re" conhecer?
 
 
 
 
Bibliografia Utilizada
 
BERGAMINI, Cecília Whltaker. Inteligência emocional. Rev. adm. empres.,  São Paulo ,  v. 36, n. 4, dez.  1996
 
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 1994. 375 p.


domingo, 20 de outubro de 2013

Uma Geração de Consumo ou o Consumo de uma Geração?


Atualmente, observamos um grande apelo consumista voltado ao público infantil, dominando os intervalos de exibição de desenhos infantis e infanto-juvenis, outdoors, shoppings, nos mais variados segmentos de mercado.

Com isso, é cada vez mais comum ouvirmos crianças e adolescentes dizendo que saem para passear e “fazer comprinhas básicas”, que “precisam” comprar determinado brinquedo, roupa, celular, tablet...

Se levarmos em consideração a perspectiva sócio-histórica, compreenderemos que a geração atual já se apropriou dos recursos tecnológicos como naturais e estes, por sua vez, propiciam uma fonte riquíssima de informação e entretenimento.

A internet tornou-se objeto de desejo entre crianças e jovens e para exemplificar isto, o computador e, mais recentemente, os tablets, são os instrumentos essenciais para que se conectem a rede e os alvos de maior cobiça deste público.

            Os inúmeros cenários que se produzem para consumo, diversão e entreterimento do público infantil propiciam também a experimentação de sentimentos tais como o prazer, o descobrir-se e o comparar-se, imprimindo nestes novas maneiras de perceberem-se, como a seu corpo, seus desejos, buscando sempre uma adequação e normatização ao que está sendo oferecido, resultando em um consumismo desenfreado, onde o sujeito é compreendido pelo uso e posse de determinados produtos, o que pode ser exemplificado com a propaganda de brinquedos, onde este deixa de ter o fim ao qual foi criado originalmente, tornando-se um objeto de consumo através das propagandas nos meios midiáticos.

 
            Observamos, então, um grande paradoxo que cerca a concepção de infância atual, pois ao mesmo tempo em que se propagam os direitos ao bem estar da criança e a preservação da mesma, não são divulgados pela mídia referenciais para estas.

 
            De acordo com pesquisas realizadas, os programas educacionais voltados ao público infantil, segundo a indústria da mídia, foram criados para serem assistidos por pais e filhos juntos, com a finalidade de promover a interação entre estes. O fato é que tal finalidade pode não ocorrer de fato, pois, enquanto a criança está a assistir ao desenho ou programa, os pais ou seus cuidadores, estão nos seus afazeres domésticos ou profissionais. Além deste fator, o volume da televisão pode também dificultar esta interação.

            Alguns números para pensarmos: “Para cada hora de televisão a que uma criança menor de 2 anos assiste sozinha, ela gasta 52 minutos a menos por dia interagindo com seus pais ou irmãos. Para cada hora de televisão, há 9% menos tempo durante a semana e 11% menos tempo durante os finais de semana gasto em brincadeiras criativas para uma criança menor de 2 anos.” (Pediatrics - Jornal Oficial da Academia Americana de Pediatria)

 
 


            No documentário produzido por Marinha Farinha, "Criança - a alma do negócio" (link abaixo), temos outros dados alarmantes:
 
·         80% da influência de compra na família vem da criança;

·         Enquanto os pais só conversam com as crianças durante a noite ou aos finais de semana, a publicidade está falando com ela TODO O DIA!;

·         Com apenas 30 segundos, uma marca pode influenciar uma criança;

·         A criança brasileira é a que mais assiste à televisão no mundo, quase cinco horas por dia.

 

            Este tema ainda gera muita polêmica e inúmeros debates, mas nós, enquanto pais, educadores e profissionais, temos que estar atentos às influências sofridas pelas crianças e adolescentes, neste nosso mundo onde o apelo consumista se faz cada vez maior e presente nas relações humanas.
 
 
Bibliografia Utilizada
BELLONI, Maria Luiza; GOMES, Nilza Godoy. Infância, mídias e aprendizagem: autodidaxia e colaboração. Educ. Soc.,  Campinas,  v. 29,  n. 104, out.  2008.
DORNELLES, Leni Vieira. Infâncias que nos Escapam – da criança de rua à criança cyber. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005. 109 p.
MARINHA FARINHA. Criança: a alma do negócio. Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=ur9lIf4RaZ4.
Uso de mídias por crianças menores de 2 anos. Pediatrics - Jornal Oficial da Academia de Pediatria. 17 de outubro de 2011. Disponível em: http://biblioteca.alana.org.br/banco_arquivos/arquivos/Uso%20de%20mídia%20por%20crianças%20menores%20de%202%20anos.pdf
SILVEIRA NETTO, Carla Freitas; BREI, Vinícius Andrade; FLORES-PEREIRA, Maria Tereza. O fim da infância? As ações de marketing e a "adultização" do consumidor infantil. RAM, Rev. Adm. Mackenzie (Online),  São Paulo ,  v. 11, n. 5, Out.  2010.
SOUZA, Bruna Louise de Godoy Macedo de. A Criança do Século XXI: uma análise do sentido subjetivo  atribuído por crianças à própria infância. São Paulo: Universidade Paulista, 2012. 213 p.